quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


sentei, admirei
desceu, pousou
sorri, acenei
partiu, senti
pensei, pensei...
envelheci, despertei
ainda estou sentada na rampa
que dá pra praia,
onde pousam asa -deltas
abelhas no céu,
mel que as guiam
tão alegres braços que voam altos,
libertos...
eu só vejo
só penso
acompanho pensamento que voa
envelhecida por pensar nos dias futuros
buscando imagens,
imaginando roteiros que ainda não são meus
cansando o presente
atordoando a arte de viver
pulando o tempo da gestação.
um tempo que está por vir,
feito abelhas que pousam
guiadas por mel




terça-feira, 26 de janeiro de 2010

teoria dos lados

"Todo lado tem seu lado
Eu sou o meu próprio lado
E posso viver ao lado
Do seu lado, que era meu"



"E é verdade, também que pouca gente entendeu a teoria maluca do menino maluquinho mas ele ria baixinho quando a saudade apertava pois descobriu que a saudade era o lado de um dos lados da vida que vinha aí."

-menino maluquinho, Ziraldo.

Esse trecho me emociona demais. Foi então que eu pude perceber que ele tinha sido não um menino maluquinho, mas sim um menino FELIZ!!.

sábado, 23 de janeiro de 2010

do alto da cidade






Do alto a cidade é muda
beleza tem outro nome
do alto outro ar
tão raro, tão puro
cidade do alto é paisagem colorida
é foto paralisada
sem sons, sem apitos
é tão bonita
é como subir no telhado de casa e sentir-se pequenino
um grão de areia
uma pedra perto do céu
nuvens espalhadas viram imagens
do alto a cidade e o verde viram obras de arte
um quadro imenso a se admirar
do Pico as pessoas não são vistas
imagina do céu...
tão prepotentes e diminuidos,
pessoas em prédios,
andando em meio a multidão que tem pressa
meninos trabalhando nos sinais,
lá de cima sentada,
é como se pudesse apenas imaginar essas cenas
como se elas não existissem
a floresta a percorrer
hora de encarar a cidade
cidade linda
alguns nem sabem o quanto
o pranto que se mistura
à vontade de comer das crianças
as fumaças que sobem
as dificuldades do dia-a -dia
nenhum olhar pro céu,
nenhum sorriso ao outro.
e lá de cima tudo tão lindo
que nuvem parece algodão,
e as árvores da floresta parecem
salada de bróculis.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

quadro

eu moro onde não tem nome
na minha terra nada mais
sol vem da janela
um corredor às vezes vazio,
outras vezes cercada de curiosos,
amantes de arte, ou coisas assim
outro momento apenas um olhar vazio,
perdido alí.
eu vejo sorrisos emoldurados
alegria e tristeza espelhados,
buscam algo que não tenho.
nada tenho,
sou feita de tintas,e um pouco de criatividade
uma pintura íntima
guiada pela arte
me alimento dos artistas e dos olhares,
tão sedentos
tão aflorados
cada feição é uma obra de arte
uma reação é uma eterna moldura
sou quadro
tintas secas que o pintor reuniu
criador me fez de arte, amor e dor.
emoldurada num corredor às vezes vazio,
às vezes cercado de vozes, sorrisos,
de algo que não sei o nome.

-Daiane Machado
Um encontro marcado por uma paisagem
uma paisagem marcada por um encontro
árvores quem reluzem verde
paz branca,
que faz bonito a brincar nas águas
a lagoa sem mar
sem mais de amar
o verde e as gaivotas
dança de conchas
eu e você
sonho bonito de se viver
passeio vira canção,
que meu coração te canta
encanta...
rouxinou veio brincar
e o pôr- do- sol celebra o que está em nós.


-D.M

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

falando em cartas

Falando em cartas...
quem assistiu ao filme sexy and the city pode ver a cena emocionante em que é lida a carta escrita por Beethoven à sua "amada imortal",como é conhecida sua musa que nunca recebeu suas emocionantes e famosas cartas.Os filmes "Minha amada Imortal" e "O Segredo de Beethoven" são duas obras primas inspiradas pelas cartas."Deus me fez surdo para que eu ouvisse a Sua Voz e a transformasse em música para o mundo". Assim era Beethoven, um gênio, um dom, uma sabedoria, mas também um apaixonado.



7 de julho
Bom dia! Todavia, na cama se multiplicam meus pensamentos em você, minha amada imortal; tão alegres como tristes, esperando ver se o destino quer ouvir-nos. Viver sozinho me é possível, ou inteiramente com você, ou completamente sem você. Quero ir bem longe até que possa voar para os seus braços e sentir-me num lugar que seja só nosso, podendo enviar minha alma ao reino dos espíritos envolta em você. Você concordará comigo, tanto mais conhecendo minha fidelidade, e que nunca nenhuma outra possuirá meu coração; nunca, nunca...
Oh, Deus! Por que viver separados, quando se ama assim? Minha vida, o mesmo aqui que em Viena: sentindo-me só, angustiado. Você, amor, me tem feito ao mesmo tempo o ser mais feliz e o mais infeliz. Há muito tempo de que preciso de uma certeza em minha vida. Não seria uma definição quanto ao nosso relacionamento? Anjo, acabo de saber que o correio sai todos os dias. E isso me faz pensar que você receberá a carta em seguida.
Fique tranqüila. Contemplando com confiança nossa vida alcançaremos nosso objetivo de vivermos juntos. Fique tranqüila, queira-me. Hoje e sempre, quanta ansiedade e quantas lágrimas pensando em você, em você, em você, minha vida, meu tudo! Adeus, queira-me sempre! Não duvide jamais do fiel coração de seu enamorado Ludwig. Eternamente seu, eternamente minha, eternamente nossos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

do tipo que escreve carta?

Eu que já escrevi tantas cartas. muitas delas sem destinatários.

últimos românticos ....
romântica e desajeitada como só o amor me faz ser.

Todas as cartas de amor são ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que sãoRidículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,Como os sentimentos esdrúxulos,São naturalmenteRidículas.)

(Álvaro de Campos)

E vocês, escreveram ou receberam cartas de amor?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

No meu coração Brian e o Haiti.


Nem só de versos se faz um livro de poema ou uma história, mas uma história se torna grandiosa quando encontramos alguém que por um instante nos faz pensar grandiosamente.Tudo faz sentido quando encontramos pessoas que nos convidam a atravessar fronteiras mágicas e colaboram para o despertar do que está além do que vemos e sentimos.
Eu encontrei uma dessas; alías, algumas, mas hoje me vem a cabeça apenas um americano alto, magrelo, com cabelos de fogo parecendo um campo de trigo.Sorriso aberto, como quem tem o coração grande demais para caber dentro de um corpo, e um corpo alto demais para ser tão doce e gentil. Pode parecer uma história de amor, mas diferente disso, e quase tão grandiosa foi a lição magnífica e tempos preciosos que vivi ao lado desse grande homem de apenas 25 anos, dono de lindos olhos verdes e de planos humanitários mais encantadores que ouvi.
Brian é o seu nome, economista por formação, escritor, e livre viajante por opção, essa por demais satisfatória.Um primeiro encontro inusitado numa galeria de fotos, em 30 minutos de conversa que beirava do português, italiano ao inglês, um modo divertido de nos fazer entender, como dizia Brian.Uma conversa que leva para vários lugares do mundo percorridos por ele, que saiu de casa após se graduar, e passou de economista a escritor, e logo a diretor de um documentário sobre o Haiti. Lembro que dos muitos países já abitados por ele, um era especial, O Haiti.
Defensor das causas socias, Brian me disse que não conseguia conviver com a riqueza do seu próprio país, EUA. Ele precisava de mais, e buscava esse mais no país mais pobre da américa. Em Fondwa , um vilarejo com 8.000 pessoas, localizada no alto das montanhas do sul do Haiti.
Brian teve grande influência na fundação da primeira e única universidade rural ,fundada em Fondwa, que tinha como cursos de língua e cursos agrônomos, que curiosamente eu já quis fazer um dia, a tão sonhada agronomia. Brian dizia que os cursos de idiomas e agrônomos eram essencias para um país que lutava pela sobrevivência, e dava passos lentos para seu sonhado desenvolvimento. Além de secretário da universidade de Fondwa, Brian foi responsável pelo documentário -living in Fondwa-, a que tive a honra de assitir acompanhada de seu idealizador e sob suas impressões.
Esse tão brilhante homem em uma breve morada pelo Brasil foi capaz de olhar e de amar esse país como poucos que conheço. Em um dos nossos passeios pelo centro da cidade, ao lado do teatro municipal, seus olhos se perdiam entre a beleza do monumento e sua história, tão fascinantemente conhedida por ele que é estrangeiro. Seu olhar admirado era também carregado de um alto poder perceptivo, que analisava com expressão desanimada as crianças em volta pedindo um pouco da porção que se encontrava em cima da nossa mesa.Nesse momento os olhos que a tudo fitava, cediam lugar a boca que me falava - elas podem pegar o quanto quiserem, devem comer,pois sentem fome.
Poucos momentos na vida foram tão valiosos,como os momentos que vivi ao lado dessa pessoa, que me fez imaginar como seria se eu pensasse e também destinasse um pouco da minha vida à tão belas obras. Hoje meu coração chora com Brian pelo Haiti, diante a grande destruição que atingiu pessoas e sonhos. Revendo o blog de Brian, onde encontro a descrição -
Este blog destina-se a lançar luz sobre algumas das mudanças positivas que os haitianos estão trabalhando para trazer para o seu país. Venha para a viagem! - meu coração também chora com Haiti pelo Brian.
-Daiane Machado-

felicidade tristonha

Num final de noite
o canto fez-se carnaval
e o final tornou-se estrelas
que os olhos escondem
Noite que era apenas noite
virou dança na chuva gelada
água cobre a gente
e a pintura se forma num quadro
que é a ladeira onde desfilo
um guarda - sol colorido,
feito arco-íris ,vira paisagem
bandeira para a porta-bandeira
loucura engana os sensatos
e os tristes que não sabem chorar
apenas sorriem
e felicidade teimosa
faz a festa


-Daiane Machado-

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

dia de ano novo


Eu vi um novo ano chegando entre bandas e espetáculo de fogos no céu. Lá do céu não sei o que parece essa festa abaixo dos fogos, mas sei que mais que um ritual deve ser radiante essa vibração do alto.
Novo tem sabor de chocolate, adoça paladares mais exigentes. Novo acaba não sendo apenas o ano, novas são nossas esperanças. Como folha branca ,nossa vida agora. A oportunidade que não pode escapar por entre os dedos.
Vontade de brincar com vida, como fazíamos quando crianças modelando massinhas.
O ano novo chega assim; como um embrulho grande,com laço encantador.
romântico como o namorado dos sonhos e tão colorido como um caminhão de salada de frutas.
Abraços ansiosos e desejos de um novo ano; a espera pela meia noite, os fogos, o abraço, a lágrima rompida por um ano que chega.
Logo a espera pelo amanhecer, a salvação trazida pelos raios de sol.
Um tempo que ficou para trás, vencido a ferro e fogo como brados heróis gregos.
A taça em cima da mesa , o champagne quase seco. Atravessam a taça olhos de vigia, pensamentos que ainda não são novos, esperanças com pernas e braços.
Uma vida nova a construir, quanto trabalho nos rende essa idéia.
Formigas de plantão acordamos, no peito uma vontade de construir um novo mundo
é dia de um novo ano.
-Daiane Machado-